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O português é um plácido ser ruminante do seu próprio malfadado destino. Depois de se ter visto livre de espanhóis, franceses e ingleses, depara-se agora com uma blitzkrieg alemã com a maior das prontidões para a auto-flagelação, como vacas morosas que mantêm os quadris tenros e firmes com chicotadas de cauda na tentativa de afastar a mosca. Mas o português, além de gostar muito de usar generalizações do tipo, "O cigano é lixado para a porrada.", é sobretudo um poeta descendente directo de Homero via Vergílio. A prova é a recente notícia de que Tony Carreira, após 29 anos de casamento, abandona a mulher mantendo-a no entanto na chefia dos negócios da família.
Sendo o epítome da música popular romântica, uma pessoa mais atrevida poderia assim pôr em causa a sinceridade do Tony ao debitar balelas versos românticos às portuguesas mal-casadas e aos portugueses mais desesperados. Mas, sendo Portugal a porção de terra de que falamos de forma um tanto ou quanto circunspecta neste já demorado post, o mais interessante parece-me ser que a popularidade do Tony vai aumentar ainda mais nos próximos dias, visto este se encontrar finalmente desimpedido. Acompanhando este curto-circuito de lógica espera-se ouvir muitos suspiros quarentões, como o daquele tipo que insiste em dizer que prefere esperar pelo S. Sebastião na tasca enquanto bebe umas canecas invés de reclamar a vida digna que lhe é devida por direito natural. E uma vez que com isto encontramos rocha neste cavar de tangentes, cortemos o pio a quem dita e não falemos mais do assunto.