A curva descendente de Jack White confirma-se neste «Sea of Cowards». Que saudades dos bons White Stripes!
Há quatro álbuns que Jack White anda a enganar aqueles que acreditam que o
rock`n`roll é uma virtude. A conta é fácil de fazer: em «Icky Thump», dos White Stripes preparou a receita dos Black Sabbath com excesso de azeite. Depois veio «Consolers Of The Lonely», dos Raconteurs. Vazio, sobretudo se em comparação com o irmão mais velho deste supergrupo
indie.
Não satisfeito - e ninguém o pode acusar de falta de produtividade e, por consequência, de não contribuir para o PIB da música popular - formou os Dead Weather com a
riot girl Alison Mosshart, dos Kills, a que se juntaram Jack Lawrence (parceiro nos Racounteurs) e Dead Fertita (Queens of the Stone Age). Arrancaram com «Horehound», de há um ano, sem que nada de proveitoso se pudesse retirar daí.
«Sea of Cowards» é a confirmação da esterilidade das ideias de Jack White desde o famigerado álbum de estreia dos Raconteurs.
No
ratio entre volume de criação e interesse da mesma, a proporcionalidade está cada vez mais invertida. E por muito que empunhe a bandeira do
rock`n`roll, só a ideologia não chega para defender um lote de canções tão inconsequente.
A surpresa só o será para quem desconheça a mentalidade de Jack White, ou não estivéssemos a falar de um homem que recentemente apontou a Internet como inimiga da música.
O anacronismo
per se não é um defeito mas ajuda a explicar porque razão não se lhe ouve nada de jeito há dois pares de anos. E pela curva acentuada da linha, não há perspectivas de inversão.
Tenho dito.