Tuesday, September 04, 2007

Sou gestor, de rebuçados...

Olá minha gente. O meu nome é Ramon, tenho uma empresa e sou o gestor da mesma. A minha vida é maravilhosa, acordo de manhã por volta do meio dia e lá prás 3 da tarde já estou pronto para sair de casa para mais um dia de trabalho. Lidero uma equipa e faço tudo o que está ao meu alcance para manter um nivel de desorientação elevado. Para manter uma equipa fortemente desunida, desanimada, desorientada e afundada na desgraça eu uso as mais variadíssimas técnicas de gestão. Ao contrário das tradicionais técnicas de gestão que insistem em fazer com que as empresas se organizem e definam rumos e estratégias eu opto por uma filosofia muito diferente.

Eu acredito que a luz ao fundo do tunel se esconda por detrás do desespero de um bando de tristes que se encontram a navegar cada um para seu lado. Tem dias que eu arranjo projectos do arco da velha, sei muito bem que não são exequíveis, mas isso não é o fundamental. O importante é arranjar projectos. Para que os elementos de trabalho não se sintam sós e desapoiados eu todos os dias lhes forneço rebuçados. Para que eles provem o doce da vida. Como todos sabemos a vida não é um mar de rosas, é na verdade feita de espinhos e a maior parte deles bem afiados. Como eu sou um bom gestor e cuido muito bem de todo o meu rebanho eu faço de tudo para que eles não se espetem contra estes espinhos, para isso já mandei tirar todas as rosas que se encontravam no jardim e mandei substituir por relva. Assim às sextas sempre posso trazer o Bobi pra empresa assim o meu fofuxo já tem onde cagar. Modéstias à parte posso dizer que sou uma pessoa realizada.

Tudo em que toco se transforma, em merda. Em puro esterco, que pretendo vender ao mais elevado preço. Engendro mecanismos merdosos para enganar clientes, para ludibriar o mercado, faço tudo o que está ao meu alcance para conseguir vender gato por cão. Enfim sou aquilo a que a maior parte de vós designa como um esperto saloio. Mas sou feliz, passo a vida a rir e a mandar piadas da piça. Não tenho coerencia no discurso mas mesmo assim não me calo. Falo como a merda e o que digo consegue cheirar pior. E volto a rir, para envenenar o espírito daqueles que tentam dar asas à razão e fomentam a racionalidade. Em vão. Comigo não há espaço para a razão, os empregados que tenho já me chegam. Tenho um trolha, um electrecista e um picheleiro, o suficiente para fazer me candidatar a projectos decentes. De momento concorri para fazer um dos estádios do novo mundial. Eu confio na minha equipa, sei que eles são capazes. O trolha que eu contratei é capaz de dar cabo do recado, eu sei que sim, se estiver desmotivado eu dou-lhe mais dois rebuçados e o problema acaba por se resolver.

Projectos a longo prazo, orientações e ideias? Não tenho, acho uma perda de tempo. Para quê pensar se posso estar a rir de merdas que não interessam aos cães!? Por amor de Deus, poupem-me. Para que é que vou pensar no futuro? Sei lá bem se amanha estou cá. Bem amanhã vou ter mesmo que ter, porque tenho o projecto de um museu para apresentar à equipa e o museu tem de estar pronto daqui a duas semanas. Se continuo com projectinhos deste ainda despeço o picheleiro porque o trolha cheira-me que faz tudo sozinho...

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